Para Rodolfo
Está sempre de olho
O preciso rapaz:
Tranquilo e sagaz
Em questões do avesso
Canhoto sem pressa
Junta os caquinhos
Gosta de um mistério
E vai com calma à conclusão
Olhos que sempre
Vêem bem
Além do posto
Recebe sinais das estrelas
E é amigo do vento
No rosto
Corado
Docemente abrutalhado
Pedaladas ao sol
Terça ou quinta
Ele é ímpar!
Vai e nunca dá tchau
Mas por aqui sempre fica:
Eu de olho nele de olho...
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
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segunda-feira, 14 de setembro de 2009
HaiKeima
Ai! queimei os dedos!
Por pouco não cai na roupa
Este café quente
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Hairkai
Eis que na velhice
Estou eu abandonado
Pelos fios brancos
Postado por Lis Motta às 11:48 1 comentários
HaiCai
Sim, caiu aqui
Um amarelo e docinho
Cajá do vizinho
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quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Leandro
Quem é este que se atreve a brincar com lousa e giz no azul do céu?
Quem é este que, no vácuo dos dias, é capaz de dar gritos ensurdecedores?
Este estrangeiro que nunca migrou, esse estranho observador?
Este que ama e ama tanto porque não sabe o que é amor?
Quem é este?
Eu não sei.
Creio que ele é demasiadamente belo para que seja visto. Afinal, são tempos difíceis para os sonhadores.
Mas se ele nasce e morre pelas beiradas porque é capaz de ler o mundo, alguém há de viver para lê-lo.
(10/09/2009)
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sexta-feira, 10 de julho de 2009
Um poema feito para um aniversário
Antes que desapareça.
Não celebro contigo teu nascimento
Não. Celebro antes, em mim, tua existência
E morada própria
De valor incompreensível em ti
Feito de instantes
Sob poeiras e caixas
Sei que tua música se esconde
Como um sussurro na cidade
E eu, toda ouvidos, aguardo
Um verso que seja
Dessa canção estranhamente silenciosa
...
Silêncio não é proteção
Verbo não é sermão
Toque não é carinho
Só podem ser...
Mudamos de lugar a cada ano
Para frente e para trás
Um ano a menos
Um ano a mais
Logo, não me julgues deslumbrada
Nem poeta, nem nada
Insisto e pesco poesia em rio seco
Mesmo sendo feita só de água
(07/07/2009)
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quarta-feira, 1 de julho de 2009
Oh, Michael...
Mas quem é que não morre afinal?
No mundo há uma não-hora em que toda a gente é igual.
(25/06/2009)
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segunda-feira, 22 de junho de 2009
Isso não tem graça e nem é um poema.
"Conhecereis a verdade! ..."
Por que os que acreditam são chamados, na melhor das hipóteses, de “revolucionários”?
E por que esses mesmos são chamados por outros de “prepotentes” ou “ingênuos”?
Sinto muitíssimo, mas o amor já é quase lenda e é uma pena anunciarem na TV que existe um homem honesto:
“GARI ENCONTRA CARTEIRA COM 10 MIL E DEVOLDE AO DONO”
Não é preciso ter fé para acreditar que a palavra integra. Não é preciso ter fé para ver que a linguagem segrega.
Ser alguém na vida significa ter ou ter vivido pra ver? Quem tem o que nós temos? E o que queremos? E o que vemos?!
O “Alguém na vida” é o pequenino; ele tem fome e quase não fala. Diariamente pulamos sua cabeça como quem pula obstáculos numa corrida sem vencedores. É “alguém”, pois não sabe o que é (mas todo mundo acha que sabe...).
Se meleca de rainha é igual a minha, como diria o psicanalista, o que será a melanina? A remela da menina ou o mapa da mina?
Mulher da vida é alguém na vida ou isso é só um problema parasintagmático?
Para conquistar um homem negro, você precisa ter charme, meu bem! E pra conquistar um homem branco, precisa só disso também.
Mas o que é que será isso a que chamam de charme, Meu Deus?!
Deve ser um perfume importado: caro, antipático e provavelmente não falamos a língua dele...
Eis a verdade: O mundo é injusto.
Até com os garis...
E eu?
Ainda prefiro ser um Zé ninguém.
(22/06/2009)
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terça-feira, 16 de junho de 2009
Vejo que não só minha bunda precisa de exercícios. Sou mole porque minha alma é sedentária.
(15/06/2009)
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sábado, 13 de junho de 2009
Macarronada
Porque saco vazio não pára em pé, fiz aquela macarronada que você adora
Mas desta vez pus azeitonas, que você odeia, porque você não está aqui
É preciso comer para se trabalhar e pensar bem
E estou presa num livro de poemas tão ruim
Quanto esse macarrão com azeitonas estaria para você se estivesse aqui
O livro traz o de sempre: um coração que sangra e sofre de amor até a morte
Fala daqueles mesmos sintomas que só o amor pode causar
Quero dizer, nos poemas de amor, pelo menos, é quase sempre assim
Já eu que te amo (e não duvide disso), pensei comigo agora
Como é engraçado eu te amar tanto, mas sem essa dor terrível...
Deve ser porque como meu macarrão pensando na sua fome e não na minha.
(13/06/2009)
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Sobre sorrir e dizer
Ele me perguntou se estava tudo bem
Disse que sim, que estava feliz com todos ali na minha casa
Por ele estar ali
Riu de mim, lavando a louça no escuro, e segurou meu ombro num meio abraço
Pôs a parte que se soltara do meu cabelo atrás da orelha
E eu sorri timidamente
Ele me beijou a maça do rosto, o canto do nariz e a boca
Tudo rápido, mas singelo
Ele riu novamente
Na verdade nós rimos, maravilhados, confidentes, um pro outro
E nos abraçamos como dois bons amigos que dizem, em silêncio, o quão ruim é se sentir sozinho
(13/06/2009)
Postado por Lis Motta às 19:29 3 comentários
domingo, 15 de fevereiro de 2009
Os opostos se distraem
Lis: Quando eu crescer quero ser igual a professora, beascho..
Thalita: Né, linda a blusa dela!
Lis: Não estou falando da blusa, estou falando da intelectualidade...
Thalita: Acredite, a blusa mostra bem a intelectualidade dela.
Lis: Ah , Thalita, não fala merda...
.......
Lis: Muito boa a aula...
Thalita: Já ouviu Elliott Smith?
Lis: A Beth é muito boa professora...
Thalita: Sabia que ele fez Ciências Políticas e Filosofia na Hampshire College?
Lis: Agora não sei se faço o seminário com você e falo sobre o Proust...
Thalita: e que ele morreu em 2003? Sempre fico triste quando ouço Say Yes...
Lis: Enfim, ou se eu faço sobre o Rimbaud...
Thalita: Às vezes acho que a namorada dele o matou ouvindo essa música, ou foi ele que se matou ouvindo say yes? ...
Thalita: Estou na dúvida...
Lis: Eu também...
*esses "diálogos" aconteceram em 2008.
Postado por Lis Motta às 22:43 8 comentários
sábado, 3 de janeiro de 2009
Você ou Presente Imperfeito
Escrevia muitos poemas a você;
Todos cheios de mimo, transparência, rimas pobres...
Uns, poucos, eram endereçados, enquanto dormia,
Àquela sua linda casa dos meus sonhos:
Seu colo magro e taciturno.
Falava-lhe sempre em segunda pessoa –
No fundo, nada singular.
E era tudo como o amor;
Um frio tão grande e repentino
Que me abatia em tremor por qualquer coisa
De você.
Você, com sua eloquência sabidamente soberana,
Transmutava meu disciplinado canto em burro, temeroso.
E sua chegada, ao sol na segunda,
Congelava minhas estações alegres, roubava meus expedientes.
Tinha o meu mais calculado delírio.
Era o meu mais sincero sorriso.
E com cinismo, Vencedor,
Ganhava sem jogar sujo ou limpo comigo;
Ganhava com dados de presença.
Você sabia, eu era tão tola por amar tanto você,
Que até me achava engraçada por isso.
E embora eu visse, séria, responsável, tudo o que há no mundo,
Insistia, velada, loucura em tatear seu rosto oportuno
Pois queria nele ter notícias do meu Admirável Mundo Todo:
Ver, em carne, minha morte lenta e indolor,
Em espírito, meu Deus revelado,
Ou algo tão grandioso que eu não sabia bem o quê,
Talvez um milagre inverso...
Quem sabe?
Era tudo coisa daquela tão esperada luta já perdida.
Você sabe...
Luta vã, simultânea, à fé e faca.
Vã e permanente,
Luto
Pelos verbos, gestos imperfeitos que saem de você.
Nada seu é pedra em meu caminho... Não o tenho.
Bem ou mal, sigo você, seu rastro tão incerto.
E torta, imperfeita,
Sou eu, toda, eu e você,
Pertencida e múltipla.
Por isso, me vejo, em presente aberto, indicando
Quedas
Em versos novos, sim. Mas sempre seus.
Revelo cicatriz que é chaga imediata,
Decreto dor na lembrança vindoura,
Até que assim se eternize você, o Tudo,
Num instante,
Ou no fim.
(Natal de 2008)
Postado por Lis Motta às 19:09 5 comentários