segunda-feira, 10 de março de 2008

"Seguir comigo mesma? Consigo e sigo. Mas preferia contigo..."

...entre quatro paredes - tradicionais.
O vigor da idade da glória que já nasce morrendo.


Tropical esperança de que será melhor. E será...

Será que o escorrer do tempo, lento, poderia contagiar o palpitar no peito?
Se sim, por favor!

Porque ele soava...


Mais alto que a canção francesa no rádio.
Mais forte que a luz incandescente do abajur.
Já ouvira falar de cenas parecidas.
Possível que fosse uma intertextualidade charmosa.
Mas era a agonia por querer uma história "só sua" que trazia lábios mordidos.
Diariamente, ali, aprendia na pele sobre a vida felina que corria ao redor.
E a pele de mulher, arisca, transpirava por socorro e repulsa.
Repulsa e SOCORRO!
Fera ferida.

Naquela noite de chuva,
lia o fantástico,
comia o moderno,
bebia o clássico,
chorava o básico.


Ponto infeliz!

(Estava frio...).

Mandava os outros pro espaço.
Para onde, no fundo, desejava estar.
E não só.


De nem poucas, nem de muitas, mas de essenciais,
o melhor lugar do mundo é feito de presenças.

(...mas já começa a esquentar.).


(26/02/2008)

A vida é um circo

No maior espetáculo da terra
(Juventude dos homens)
Aconteceu o fantástico encontro de três atrações

Atraídos:

O palhaço sabido
O vidente menino
A atriz feliz


Três num ato
Sob o olhar da exigente platéia
Formaram uma torre
Sobre palavras ternas

Mas só aos malabaristas e acrobatas
Era permitido subir alto
Para a boa mão de Deus tocar

Como na história antiga
A torre ruiu (a casa caiu)
E na mesma língua ninguém mais conseguia falar

Aí, a coisa ficou confusa
Palavras, canções e poemas já não tinham finalidade alguma

Que perdição, desventura!

O palhaço, desamparado, se foi para a Lua
(Já que não havia palavras, foi-se para diante da qual qualquer palavra parece ser bruta).

O vidente
Que do futuro nunca soube nada
Leu o próprio destino nas cartas
E do nada, viu a mãe pela greta
Chorando, atravessou o oceano de carona no rabo d’um cometa

A atriz
Muito fajuta
Mas ainda assim, uma boa aprendiz
Não precisou fingir estar triste
(Deixou as lágrimas de crocodilo para o espetáculo da velhice)
Voltou às origens
Ao lar doce lar
Foi revisar algumas lições, valores
E reaprendeu a voar
(O céu tinha toda a força da arte de que ela precisava para voltar a sorrir)

Cada um para um canto diferente
Voaram eles, ela, palavras

Mas o maior espetáculo foi este, então
Ver os perdidos se encontrarem na tão falada solidão


(25/02/2008)