sábado, 1 de outubro de 2011

Depois que ganhei uma bicicleta e comecei a perceber trepidações, a entrar em caminhos desconhecidos por mim, no desafio de me encontrar dentro de um espaço sozinha, sem GPS, sem rumo, a pedalar por pedalar até o corpo cansar, ver o verde e o cimento se misturarem (e ver o mato vencer, muitas vezes, o sufoco do cinza no chão), ver o barulho e o silêncio que vivem lado a lado, em ruas perpendiculares, só aí percebi que minhas pernas cambotas são boas, são fortes e mais espertas do que eu imaginava: elas me ensinam que curvar é possível e é possível chegar lá naquele lugar de nome diferente do daqui. Porque as únicas linhas que existem no chão marcando caminhos, delimitando o que é ou não um lugar para mim, são as que as minhas rodas deixam ou irão deixar...

(30-09-2011)