sexta-feira, 17 de outubro de 2008

De fogo - primeiro e último.

Esfumaças-te
suspiro de fogo
disfarce da dor
no quereres águas por carne

Na injuriosa troca
matas a cúmplice
do tortuoso encontro: A Sede

*

Resfrias, com o esperado choque
a cobiça ardente de outrora
e me dissipas, satisfeito
em nuvem e nada

*

Chorosa, à noite
beijo tua janela
Não a da alma
(como bem desejei...)
mas outra
A que separa tua casa da minha

*

A casa do meu sangue é o céu
(e sei o que é uma estrela morrendo)
Mas a minha é o mar volante
guardião de volúpia e festejo
de desejo e canções de amigo
onde Eros e Philos riem, dormem
e onde sonho a placidez futura

*

Quero grão agora
depois da ferida
Chão e abrigo táctil, firme
Regar a terra que me espera
banhar sábios, crianças, flores
e as aquarelas, que me querem bem
ao menos no retrato



(17/10/08)