tag:blogger.com,1999:blog-70407066040438496822024-03-14T10:49:29.784-03:00Lá vem o sol...mas a chuva não cessa jamais...Lis Mottahttp://www.blogger.com/profile/01397668698929417397noreply@blogger.comBlogger45125tag:blogger.com,1999:blog-7040706604043849682.post-79864340684592656312015-04-30T21:44:00.003-03:002016-04-19T09:46:38.693-03:00O tempo para no mar e corre na areia<div style="text-align: justify;">
Ele riu muito, sem parar, como naqueles momentos de embriaguez em que se ri à toa porque parece ser a única coisa possível de se fazer. Embriaguez não necessariamente causada por uma bebida, mas por alguma ocasião que expõe o corpo ou a mente a um extremo e cuja solução se dá quando o cansaço sucumbe ao riso frouxo...</div>
<div style="text-align: justify;">
Era sim uma tarde extrema de domingo; fazia um calor daqueles! Mesmo em minha casa, tão cotidianamente escura e fria, parecia impossível permanecer imune à temperatura do dia que mais parecia um castigo. Não só o ventilador, também o desconforto acompanhava-me onde quer que estivesse, fosse no quarto escuro e fechado contando que o confinamento formasse uma barreira física ao bafo quente de fora, fosse na varanda, sentada sobre o piso frio de cerâmica, esperançosa de que surgisse ao menos uma brisa, a qual me faria sorrir brevemente de gratidão.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eram mais ou menos quatro horas da tarde quando não aguentei e saí em busca de um remédio para as minhas ardências: um picolé! Fui até a farmácia mais próxima, comprei um picolé e o chupei ali mesmo, bem devagar. Em seguida, comprei outro picolé na tentativa de estender a sensação de frescor até o retorno à casa. Bobagem, pois sabia desde o início se tratar de uma humilde saída, de um breve consolo por não poder, nem me lembro por quê, ir à praia dar um mergulho, como fez o menino naquela tarde de fogo do cão.</div>
<div style="text-align: justify;">
Na verdade, menino nem tão menino assim: Aos quatorze anos já tinha quatro namoradas no histórico. Era inteligente e até bonito para a idade, apesar do aparelho nos dentes. Seus olhos estavam sempre levemente marejados, mas acompanhavam um sorriso de criança que só desaparecia às vezes, quando ele, parado, sentado em sua carteira, olhava fixamente para o nada, e seus olhos, nesta hora ainda mais brilhantes, atravessavam as paredes das salas e os corredores, desciam pelas escadas e alcançavam as ruas, fluindo pelo asfalto em seu skate<i> </i>tipo<i> long board. </i>Ou pelo menos foi o que eu supus algumas vezes.</div>
<div style="text-align: justify;">
Falando no skate, devo dizer que naquela tarde quente, dois amigos da escola passaram na casa do menino chamando-o para andar de <em>long</em> na praia. Sua mãe não o deixou ir. Bom, não deixou que ele fosse até a praia. Podia ficar por ali, andando pelo bairro e, convencido pelo calor mais do que pelos amigos, foram eles, à revelia da mãe, cumprir o plano original.</div>
<div style="text-align: justify;">
Enquanto atravessava os bairros até a orla e mesmo durante as andanças pelo calçadão, o menino usava um boné virado para trás de dentro do qual escorria o suor que molhava sua camisa. O boné protegia apenas metade da testa e deixou uma estranha e risível marca de bronzeado no menino.</div>
<div style="text-align: justify;">
Depois de tanto deslizarem naquele movimento ondulatório, no mesmo instante em que eu saíra de casa para comprar meu picolé, resolveram descansar. Atiraram-se na areia da praia, bem próximos ao mar. Era, provavelmente, um dos pontos mais frescos da cidade. O lugar também era muito bonito; bem na direção dos meninos havia uma ilhota ao fundo. O verde da ilha se destacava no horizonte azul que, de tão azul o céu naquele dia, fazia com que o mar e o céu se fundissem. Na verdade, a linha do horizonte era feita apenas pelos navios distantes. Será que foi isso que o fez rir? Ele riu muito, sem parar, como naqueles momentos de embriaguez em que se ri à toa porque parece ser a única coisa possível de se fazer. Embriaguez não necessariamente causada por uma bebida, mas por alguma ocasião que expõe o corpo ou a mente a um extremo e cuja solução se dá apenas quando o cansaço sucumbe ao riso frouxo. Ou, neste caso, sucumbiu também a um irresistível mergulho no mar.</div>
<div style="text-align: justify;">
Que delícia seria estar eu lá, ao invés de aqui, chupando este efêmero picolé. Imagino o prazer do menino no mar, com aquele frescor se espalhando e gelando todo o seu corpo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ele riu de tudo, certo de que cada coisa estava em seu devido lugar. E era aquele o seu lugar? Batendo braços e pernas, meio franzino e desajeitado, com a coragem de um passarinho que ainda filhotinho pula da árvore para aprender a voar? Será que em algum momento se lembrou das ordens da mãe? Ou será que a água resfriou qualquer lembrança de suas obrigações de menino? Talvez não. Só sei que ele sempre se arriscava indo para as provas bimestrais sem ao menos saber que matérias cairiam nelas. Não porque fosse mal aluno, ao contrário, mas porque, além de otimista e destemido, acreditava muito em si mesmo. Todos acreditavam. Pra falar a verdade, o vento sempre soprava a seu favor e, assim, sua boa sorte era sempre esperada.</div>
<div style="text-align: justify;">
No que pensava o menino sortudo eu não sei. Sei que, dentro do mar, o tempo para por vontade. É isto o que acontece: quem o adentra, entregando-se a submersão, na verdade, se recusa a pensar no que deixou lá fora, nega seu passado. Quer nascer de novo, convertido. Por isso se sai dele renovado, purificado pelo batismo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Os dois amigos do menino, apenas após alguns minutos ali - já que dentro da água o tempo parece ser incalculável -, resolveram voltar para a areia. Apesar do menino ter ameaçado seguir os amigos, logo hesitou e permaneceu na água. O tempo para no mar e corre na areia. Ele sabia.<br />
E o menino pisou no nada. No nada profundo...</div>
<div style="text-align: justify;">
Era um praia linda, mas não pura obra da natureza; sofrera tantas interferências ao longo dos anos que sua morfodinâmica, agora alterada, tornara-se imprevisível. O que se sabe é que apresenta, com frequência, muitos bancos de areia, os quais formam buracos enormes no mar. Pode-se estar, por exemplo, com a água no umbigo e, à distância de um passo, cair num desses buracos com metros e metros de profundidade. </div>
<div style="text-align: justify;">
Desesperado, gritava por socorro. Os amigos se prontificaram a ajudá-lo, já que estava perto, praticamente na beira. Estendiam os braços tentando segurá-lo, apesar de saberem que não eram bons nadadores. E havia o medo de também caírem no buraco, afinal, os amigos do menino também eram meninos.<br />
Imediatamente resolveram voltar para a areia e pedir ajuda. Embora fizesse muito calor, a praia estava vazia e creio que foi a braveza do mar ao entardecer que espantou seus banhistas. Correram para chamar um salva-vida e realmente havia um pela orla, mas este estava longe, longe.</div>
<div style="text-align: justify;">
O tempo corre na areia. Correram muito até alcançar o salva-vida e correram de volta, os três, juntos, até alcançarem o amigo. O tempo para no mar. O corpo do menino, agora virado para baixo, boiava.</div>
<div style="text-align: justify;">
Enquanto eu terminava meu picolé que derretia rapidamente, bem devagar, trazido pela marola como um pacote frágil, o menino foi depositado na areia.<br />
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
(30/04/2015)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Lis Mottahttp://www.blogger.com/profile/01397668698929417397noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7040706604043849682.post-27213211645239972862015-04-21T22:01:00.001-03:002015-04-21T22:02:09.009-03:00Cover da canção "You can never hold back spring", do lindo álbum "Orphans - Brawlers, Bawlers and Bastards". de Tom Waits. Produzido por Rodolfo.
<br />
<br />
<a href="https://www.youtube.com/watch?v=7CfQGbzJ8Ec">https://www.youtube.com/watch?v=7CfQGbzJ8Ec</a>Lis Mottahttp://www.blogger.com/profile/01397668698929417397noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7040706604043849682.post-71464138672380376212015-04-19T23:27:00.000-03:002016-02-03T23:59:30.611-03:00As duas margens de um rio<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;"><i>"Do que estamos falando quando falamos de amor?"</i></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;">Raymond Carver</span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: left;">
Ninguém é falso pela manhã. Por isso mesmo ninguém é são.</div>
<div style="text-align: left;">
Contrariando os esforços de se ter um encontro do acaso que parecesse espontâneo e alegre e sentados num café às seis da manhã, ela pergunta para ele, emendando conversas antigas:</div>
<div style="text-align: left;">
- Você fala de nós, mas consegue nos ver daqui a dez anos? Quero dizer, faz dez anos desde que te vi pela primeira vez e, veja que loucura - disse isso apontando e olhando ao redor como se mostrasse algo, mas só tentava desviar um pouco o olhar do dele - cá estamos nós: os mesmos e tão diferentes...diferentes de quem éramos. Diferentes um do outro.</div>
<div style="text-align: left;">
- Mas isso não faz sentido - disse ele.</div>
<div style="text-align: left;">
- O quê?</div>
<div style="text-align: left;">
- Nos imaginarmos no futuro.</div>
<div style="text-align: left;">
- Por que não?</div>
<div style="text-align: left;">
- Porque isso não importa! Veja, eu te vejo agora, sinto sua pele agora e você não é capaz de fingir, eu sei o que se passa aí. Olha, nós decidimos agora o que fazer agora. Sempre foi assim.</div>
<div style="text-align: left;">
- Decidimos o nosso futuro...</div>
<div style="text-align: left;">
- Não!</div>
<div style="text-align: left;">
- Não? Como não? Há dez anos, quando não fui ao seu encontro naquela tarde, sabia perfeitamente que estava decidindo o meu futuro com você.</div>
<div style="text-align: left;">
Ele abaixou a cabeça, balançando-a em negação. Singelo sinal de revolta. Não disseram mais nada por uns instantes, como se discutir não valesse à pena; a presença bastava (?). Como se os dois estivessem certos daquilo que defendem, sabendo também que estariam errados em jogar no outro qualquer responsabilidade por estarem ali, naquele café, conversando o inconversável. Do que eles sabem, afinal? Como poderiam saber o que é melhor do que o que se tem?<br />
Lá estão eles, dez anos depois. Depois de todas as palavras; as sublimes, as ditas e disfarçadas de desamor, as não ditas. Todas, escoadas rio abaixo. Agora, quando já não há mais nada a ser feito e tudo está como deveria estar: ela e ele, ali, olhando-se como na primeira vez. Cúmplices separados nas duas margens de um rio, agora, fundo, fundo. Rio que é silêncio em roda d'água fabricando o tempo.</div>
<div style="text-align: left;">
O que eles sabem do rio que se transformou é que ainda parte do mesmo lugar.<br />
E a sede será sempre sede. </div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
(19/04/2015)</div>
Lis Mottahttp://www.blogger.com/profile/01397668698929417397noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7040706604043849682.post-77936249649783265072015-04-15T22:09:00.003-03:002015-04-15T22:12:18.238-03:00Tentativa de Cordel <span style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif;">Agora com mais linhas</span><br />
<span style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif;">Te dedico este cordel</span><br />
<span style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif;">Sobre a sua vida e a minha</span><br />
<span style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif;">Neste grande carrossel</span><br />
<span style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif;">Sobre o amor, mesmo que simples</span><br />
<span style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif;">Que vivemos dia-a-dia</span><br />
<span style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif;">Com tudo o que é amargo</span><br />
<span style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif;">E é doce como o mel</span><br />
<span style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif;">O amor, coisinha linda</span><br />
<span style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif;">Que em mim é o maior do mundo</span><br />
<span style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif;">Ele cai, mas se levanta</span><br />
<span style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif;">Com você ele pode tudo!</span><br />
...<br />
<div>
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-size: x-small;">(2011)</span></div>
Lis Mottahttp://www.blogger.com/profile/01397668698929417397noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7040706604043849682.post-82777860383051354342013-01-08T19:25:00.003-02:002015-12-01T19:33:13.140-03:00Nós e o céuOlhamos o céu<br />
sem temê-lo.<br />
Olhamos, e olhando<br />
dele tiramos tudo:<br />
buscamos o que um dia fomos<br />
e o que seremos<br />
Se voamos (e voamos!)<br />
e se brotamos antes de nascermos...<br />
<br />
Olhando para o céu<br />
descobrimos a Terra.<br />
<div style="text-align: center;">
...</div>
Um dia<br />
Nós, humanos<br />
Olhamos para o céu como se fosse nossa mera criação.<br />
De fato, criamos muitas verdades aladas:<br />
Inventamos que este céu gira em torno de nosso chão<br />
Mas era tolice, ilusão!<br />
pois nem o vento, que nos toca<br />
segue nossa direção.<br />
<br />
Olhamos para o céu<br />
Nós, tão pequenos<br />
pequenos humanos<br />
Olhamos a imensidão sem temê-la e<br />
tantas vezes, sem amá-la<br />
Dela tiramos tanto, tiramos tudo<br />
Mas não aprendemos nada.Lis Mottahttp://www.blogger.com/profile/01397668698929417397noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7040706604043849682.post-70414462530952259812013-01-08T19:11:00.001-02:002015-04-15T22:00:23.626-03:00Dias difíceisAli<br />
Ninguém se reconhece<br />
Ninguém se fala<br />
Ninguém se ouve<br />
Não há alguém com razão<br />
Capaz de assumir que lhe falta razão<br />
<br />
Alguém está certo<br />
Sou eu?<br />
Alguém está certo<br />
Sou eu?<br />
Sou eu!<br />
Sou eu?<br />
Sou eu!<br />
Sou eu?<br />
<br />
Não se reconhecem<br />
As faces do amor<br />
Nos dias difíceis.<br />
<br />
...<br />
<br />
Mas como encontrar<br />
novamente o amor?<br />
<br />
Ao olhar-se no espelho<br />
E se reconhecer.Lis Mottahttp://www.blogger.com/profile/01397668698929417397noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7040706604043849682.post-53659408195146265172011-11-16T21:59:00.003-03:002015-04-15T22:16:28.465-03:00O gatoNo dia em que o deixei<br />
Deixei uma Alma<br />
A minha, que é a dele<br />
E isto que restou se lembra bem<br />
Dói não sentir mais<br />
O peso do seu piscar, nem a leveza<br />
Do silêncio, da redoma de brisa<br />
Nas janelas aos domingos<br />
Eu em uma, ele em outra<br />
Nos vendo e só<br />
Às vezes nos tocando<br />
Eu sabia ser eu<br />
Porque ele sabia (ele tudo sabia)<br />
E se me lembro aqui<br />
Me perco na falta de seus<br />
Pêlos sufocantes<br />
Ele, lá, não se lembra<br />
Seus olhos nada dizem da memória<br />
Dizem só do mistério de viver por<br />
Instinto<br />
Que quer dizer<br />
Na verdade<br />
Que tudo é simples<br />
Tudo é seu<br />
Lá fora, tem sereno<br />
Mas ele ainda deita onde quer<br />
Ainda vai aonde quer<br />
Por isso, vê e diz o que quer<br />
Dom<br />
Seu espírito livre<br />
Revelou-me<br />
E é o dom<br />
De que preciso.<br />
<br />
<div>
<div>
<br /></div>
<div>
(02-11-2011)</div>
</div>
Lis Mottahttp://www.blogger.com/profile/01397668698929417397noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7040706604043849682.post-91242336849738512972011-10-01T23:41:00.001-03:002015-04-30T21:46:28.804-03:00<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 14px;"> Depois que ganhei uma bicicleta e comecei a perceber trepidações, a entrar em caminhos desconhecidos por mim, no desafio de me encontrar dentro de um espaço sozinha, sem GPS, sem rumo, a pedalar por pedalar até o corpo cansar, ver o verde e o cimento se misturarem (e ver o mato vencer, muitas vezes, o sufoco do cinza no chão), ver o barulho e o silêncio que vivem lado a lado, em ruas perpendicular<span style="display: inline;">es, só aí percebi que minhas pernas cambotas são boas, são fortes e mais espertas do que eu imaginava: elas me ensinam que curvar é possível e é possível chegar lá naquele lugar de nome diferente do daqui. Porque as únicas linhas que existem no chão marcando caminhos, delimitando o que é ou não um lugar para mim, são as que as minhas rodas deixam ou irão deixar... </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 14px;"><span style="display: inline;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 14px;"><span style="display: inline;">(30-09-2011)</span></span></div>
Lis Mottahttp://www.blogger.com/profile/01397668698929417397noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7040706604043849682.post-36372674557681541512011-09-15T23:22:00.005-03:002011-10-01T23:46:32.536-03:00O segredo de vida do peixinho azul<div><span class="Apple-style-span" >De corpo</span></div><div><span class="Apple-style-span" >Azul-marinho</span></div><div><span class="Apple-style-span" >Assim o esperto peixinho</span></div><div><span class="Apple-style-span" >Engana direitinho</span></div><div><span class="Apple-style-span" >O enorme e cinza tubarão</span></div><div><span class="Apple-style-span" ><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" >O peixinho azul</span></div><div><span class="Apple-style-span" >Aprendeu a discrição</span></div><div><span class="Apple-style-span" >Conversando </span></div><div><span class="Apple-style-span" >Com o silêncio do fundo</span></div><div><span class="Apple-style-span" >Do mar </span></div><div><span class="Apple-style-span" >e suas estrelas sem brilho.</span></div><div><span class="Apple-style-span" ><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" >(15-09-2011)</span></div>Lis Mottahttp://www.blogger.com/profile/01397668698929417397noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7040706604043849682.post-11360164989187828072011-09-15T22:11:00.006-03:002011-09-15T22:53:46.257-03:00Busca a bússola<span class="Apple-style-span" >Na bravura de existir</span><div><span class="Apple-style-span" >Aprendo a transcender</span><div><span class="Apple-style-span" >Recolhendo-me a mim</span></div><div><span class="Apple-style-span" >À medida que descubro</span></div><div><span class="Apple-style-span" >Não sem dúvida pois</span></div><div><span class="Apple-style-span" >Que sem ela nada do que é seria,</span></div><div><span class="Apple-style-span" >O que é, enfim, a felicidade.</span></div><div><span class="Apple-style-span" ><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" >Feliz aquele que encontra o que procura!</span></div><div><span class="Apple-style-span" >(Quanto maior a busca, maior se torna o achado.)</span></div><div><span class="Apple-style-span" >Não consigo conceber</span></div><div><span class="Apple-style-span" >Eu, </span></div><div><span class="Apple-style-span" >Com minha finita</span></div><div><span class="Apple-style-span" >Capacidade de realizar,</span></div><div><span class="Apple-style-span" >O maior acontecimento</span></div><div><span class="Apple-style-span" >Deste sopro que chamamos</span></div><div><span class="Apple-style-span" >Vida:</span></div><div><span class="Apple-style-span" ><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" >Não o nascer</span></div><div><span class="Apple-style-span" >Não o morrer</span></div><div><span class="Apple-style-span" >A plenitude terrena não é a Verdade</span></div><div><span class="Apple-style-span" >Mas sim as possibilidades de busca por Ela</span></div><div><span class="Apple-style-span" >Como a poesia</span></div><div><span class="Apple-style-span" >Que não é liberdade, desprendimento</span></div><div><span class="Apple-style-span" >Nem é conhecimento adquirido</span></div><div><span class="Apple-style-span" >Mas ambos; é tudo isso e nada disso</span></div><div><span class="Apple-style-span" >Porque cada espírito é recluso, único em si</span></div><div><span class="Apple-style-span" >E é universal</span></div><div><span class="Apple-style-span" >E nisso não há lógica, nem Norte, nem palavra</span></div><div><span class="Apple-style-span" >Que possa definir...</span></div><div><span class="Apple-style-span" ><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" >...Como não há no amor</span></div><div><span class="Apple-style-span" >E em nada que possamos imaginar.</span></div><div><span class="Apple-style-span" ><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" >(02-08-2011)</span></div></div>Lis Mottahttp://www.blogger.com/profile/01397668698929417397noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7040706604043849682.post-25454043433629792992011-07-07T22:08:00.007-03:002012-10-25T19:48:18.177-02:00Humanidade em risco (ou profecia do rabisco)<div>
<span class="Apple-style-span">Entre uma palavra e outra</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span">um risco à mão</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span">Rabiscos</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span">de um sonhar acordado</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span">corriqueiro e ansioso...</span></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<span class="Apple-style-span">É contradição, o desejo de pular etapas bloqueando-as? É?</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span"><br /></span></div>
<div>
</div>
<div>
<span class="Apple-style-span">Margens prontas de cadernos</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span">atravancam minha mente</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span">inquietam meu coração</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span">como as pedras de Drummond</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span"><br /></span></div>
<div>
</div>
<div>
<span class="Apple-style-span">Rabiscos:</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span">revelam minha arte</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span">que não tem nem a capacidade</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span">de ser inútil</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span">Dá fuga, ao tempo</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span">desta prisão bio-cotidiana</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span">de ilusão</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span">(de) felicidade,</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span">poder de compra,</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span">controle das situações.</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span"><br /></span></div>
<div>
</div>
<div>
<span class="Apple-style-span">Benditas linhas de viajar</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span">que me permitem errar e ser humana:</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span">o ponto de fuga é o meu destino!</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span"><br /></span></div>
<div>
</div>
<div>
<span class="Apple-style-span">Mas o que é o mundo senão linhas</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span">tortuosas e imaginárias?</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span"><br /></span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span"><br /></span></div>
<div>
</div>
<div>
<span class="Apple-style-span">(07-07-2011)</span></div>
Lis Mottahttp://www.blogger.com/profile/01397668698929417397noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7040706604043849682.post-50922993258797093232010-12-05T20:11:00.014-03:002015-05-01T19:14:19.615-03:00A morte e o chimarrão<span style="font-size: 85%;"> </span> Diferente de muitos com quem dividi algumas experiências intelectuais, principalmente no meio universitário, nunca fui dotada de esperteza extra ou inteligência nata, intuitiva. Estudo línguas, mas não tenho a felicidade de decifrá-las sem a boa e velha ajuda de gramáticas, dicionários, exercícios e repetições. Nem minha língua, o órgão mesmo, se entrega facilmente a novas articulações. A mecânica da fala de uma nova língua me é tão desafiadora quanto fora a mecânica do primeiro beijo.<br />
Como uma criança dita "normal", aprendi a ler na escola de alfabetização, e fui aprendendo, passo a passo, em consonância com o que me era ensinado. Já no quesito criatividade, não consigo, agora, estabelecer um padrão de normalidade, ou intensidade criativa. Creio que qualquer pessoa já é um tanto criativa em seus próprios pensamentos. Basta um dos cinco sentidos para haver percepções únicas. Mas quanto a isso, também posso estar enganada. Pelas minhas memórias, percebo que sempre fui muito mais sensível do que criativa. Até hoje, tenho certeza de que minhas visões sobrenaturais, sonhos e intuições da infância fazem parte de um contexto maior, e por mais maluquices que pareçam ser, são reais e não frutos da minha imaginação, mas sim, de uma sensibilidade para perceber o invisível.<br />
Eu tinha cinco anos, uma sonseira crônica e muitas perguntas a fazer. Era meu primeiro ano escolar e acordava cedinho todos os dias para ir à escola que ficava a duas quadras do condomínio onde morava em Itapuã, Vila Velha. Acompanhada por minha mãe, descia o prédio com mochilinha nas costas, lancheira na mão e muita vontade de aprender a ler de verdade, porque de mentirinha eu já lia há algum tempo.<br />
Quando descíamos o prédio, ao passar pela portaria, sempre nos encontrávamos com um homem. Alto, bonito, de trinta e poucos. Na verdade, ele era só um tiozinho, uma pai de uma amiguinha. Ele não falava muito e nem lembro o nome dele (não lembro nem o da amiguinha), mas lembro, com riqueza de detalhes, o fato de que, todos os dias, ele estava ali, sentado na escada tomando chimarrão, com uma cara de satisfação e reserva como se aquilo fosse seu grande luxo, seu grande momento do dia.<br />
Um dia acordei e minha mãe me deu uma notícia "O pai da ... morreu. Houve um acidente de moto, ele estava de carona...a roda da moto ficou presa num bueiro...ele voou e quebrou o pescoço...".<br />
Chocante, cena forte, já ouvira falar de morte, mas foi a primeira vez que vi alguém pertinho de mim morrendo. Na minha pouca experiência, pensei que a morte podia ser qualquer coisa. Mas as caras de tristeza se fizeram mais que suficientes para me provar que morrer não era bacana. Afinal, ele 'quebrou o pescoço' e entendi, sem esforço, que isso doeu bastante.<br />
Minha mãe me levou ao velório, vi o corpo deitado e pessoas chorando. A filhinha não estava, e parece que contaram para ela uma história de "virar estrelinha...", bem diferente daquela que minha mãe me contou.<br />
Até aí, tudo bem. Ou melhor, tudo mal. Ele voou, caiu, quebrou o pescoço e morreu.<br />
Mas o que vinha depois?...<br />
A vida continuou, continuei acordando cedinho, com a mesma sede de aprender sempre mais na escola que eu tanto amava. Porém, na medida que os dias passavam, minha aceitação foi virando estranheza que, por sua vez, foi se transformando em incômodo e assim, em angústia; tudo devido à ausência daquele homem sentado na escada.<br />
E foi assim que entendi, cedendo à força dos fatos, a primeira questão sobre morte: morrer é não poder mais aproveitar uma manhã, e reservá-la só para tomar chimarrão.<br />
<br />
(05-12-2010)Lis Mottahttp://www.blogger.com/profile/01397668698929417397noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7040706604043849682.post-74548676913929934172010-11-14T13:01:00.002-03:002010-11-14T13:03:37.980-03:00Ninguém pinta como eu pinto.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKDkztYekgye1KB-t6nPWRFFlpv80uIJOZL8aC9fvNR8s0HAnOdPS41oOjVkNjjTrdkE8t9nLxrAULyXcTi6K2egLEmXLFhAs32r-bSrHa4H-3J-ZM8g5_V6HTZzEM7Mb6qS8UBDo4HrE/s1600/IMGP6464.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 240px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5539436640558894978" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKDkztYekgye1KB-t6nPWRFFlpv80uIJOZL8aC9fvNR8s0HAnOdPS41oOjVkNjjTrdkE8t9nLxrAULyXcTi6K2egLEmXLFhAs32r-bSrHa4H-3J-ZM8g5_V6HTZzEM7Mb6qS8UBDo4HrE/s320/IMGP6464.jpg" /></a><br /><div></div>Lis Mottahttp://www.blogger.com/profile/01397668698929417397noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7040706604043849682.post-76260219832539466222010-11-14T12:29:00.002-03:002014-08-29T21:26:04.226-03:00Visão termoplasmática<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglnRrhie6cl811z5dKRBdWMIfudRvwTDyNkjkDQYGdrwI7mrud1ZYzC-_UpkF5rtJAxyup9A26ScCCwtFkojKAk0uYpdhaybfR0_ioUNAxRlUim68nCS42jZwB2iapQhfsXmw7zzDmfJM/s1600/IMGP6471.JPG"><img alt="" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglnRrhie6cl811z5dKRBdWMIfudRvwTDyNkjkDQYGdrwI7mrud1ZYzC-_UpkF5rtJAxyup9A26ScCCwtFkojKAk0uYpdhaybfR0_ioUNAxRlUim68nCS42jZwB2iapQhfsXmw7zzDmfJM/s320/IMGP6471.JPG" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5539432259998545970" style="cursor: hand; display: block; height: 320px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 243px;" /></a><span style="font-size: 78%;"><br /></span><br />
<div>
<span style="font-size: 78%;">Técnica: Lápis Aquarela</span></div>
<div>
<span style="font-size: 78%;">Esboço:Rodolfo Alexandre</span></div>
<div>
<span style="font-size: 78%;">Colorização: Lis Motta</span></div>
<div>
</div>
<div>
<span style="font-size: 85%;">(Aprendendo um pouquinho...).</span></div>
Lis Mottahttp://www.blogger.com/profile/01397668698929417397noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7040706604043849682.post-87102995225628764662010-06-06T23:58:00.003-03:002010-06-07T00:33:05.563-03:00A pedido, a letra da música "Passos Lentos" de Conrado Segal<span style="font-size:85%;">Eu não tenho tempo de caminhar a passos lentos<br />Por isso eu corro, eu corro<br />Tenho todo o tempo do mundo<br />Mas o mundo é pouco<br />Ouço a voz do vento me dizendo sem ressentimento<br />A vida é um sopro<br /><br />Eu dançei no contratempo para capturar o momento<br />Me escapou por entre os dedos, tão pequeno<br />Quis fazê-lo eterno<br /><br />Mesmo já sabendo que o tempo faz um movimento de esquiva<br />Mesmo já sabendo que ao mesmo tempo o meu corpo e o seu não podem ocupar o mesmo espaço<br /><br />E não tendo tempo pra ensaio<br />Eu vou improvisando<br />Nesta peça de teatro<br />Neste palco de área limitada que a nós foi dado<br />Com hora marcada<br /><br />E não tendo tempo pra dizer mais nada<br />Eu vou pegando a estrada<br />Vou saindo fora<br />Vou-me embora<br />Já passou da hora de eu correr atrás do tempo<br /><br />Eu não tenho tempo...</span>Lis Mottahttp://www.blogger.com/profile/01397668698929417397noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-7040706604043849682.post-81048703813874395992010-06-02T23:28:00.003-03:002010-06-03T00:07:26.056-03:00LIS E A ERA BRILUZ - FESTIVAL PRATO DA CASAMinha banda está concorrendo no festival Prato da Casa.<br /><br />Votem até sexta-feira pelo telefone 3335 7914 (de 12-14 h) no programa Bandejão, da rádio universitária 104.7 FM e pelo site <a href="http://www.crjvitoria.com.br(barra)pratodacasa/">www.crjvitoria.com.br(barra)pratodacasa</a><br /><br /><br />Votem aí! Obrigada!Lis Mottahttp://www.blogger.com/profile/01397668698929417397noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7040706604043849682.post-5589364918375635122010-04-22T00:56:00.003-03:002014-08-29T21:28:45.128-03:00SOBRE TUDO QUANTO SE LÊ<span style="font-size: 85%;">Livros, amigos, ou uma coisa qualquer.</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Um bicho bonito, um gato a dormir</span><br />
<span style="font-size: 85%;">uma lagartixa que arregala os olhos do menino.</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Tudo pode ser lido.</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Tudo pode ser vivo com este louco DNA</span><br />
<span style="font-size: 85%;">das palavras e suas </span><span style="font-size: 78%;">letrinhas miudinhas</span><br />
<span style="font-size: 85%;">ou <span style="font-size: 100%;">GRANDONAS ASSIM</span> que se organizam</span><br />
<span style="font-size: 85%;">de múltiplas, infinitas formas</span><br />
<span style="font-size: 85%;">de acordo com o que (se) quer incorporar.</span><br />
<span style="font-size: 85%;"></span><br />
<span style="font-size: 85%;">O que mais leio, naturalmente, sou eu mesma.</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Gosto também de ler aquele que tanto amo,</span><br />
<span style="font-size: 85%;">meu lobo manso</span><br />
<span style="font-size: 85%;">e é tão difícil,</span><br />
<span style="font-size: 85%;">e dá uma dor gostosinha esse árduo ofício</span><br />
<span style="font-size: 85%;">de cultivar um amor culto, letrado.</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Ler em minha mãe</span><br />
<span style="font-size: 85%;">seus olhos cansados dos sessenta também é bom e</span><br />
<span style="font-size: 85%;">confortante na maior parte do tempo porque</span><br />
<span style="font-size: 85%;">afinal, tá tudo bem.</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Ler os mortos pode parecer estranho</span><br />
<span style="font-size: 85%;">mas estranhamente é o que mais se lê</span><br />
<span style="font-size: 85%;">e eu também gosto e parece que </span><br />
<span style="font-size: 85%;">quanto mais frio ou esfarelado o corpo</span><br />
<span style="font-size: 85%;">mais quente e sólido seu vocabulário.</span><br />
<span style="font-size: 85%;"></span><br />
<span style="font-size: 85%;">Bukowski, Whitman, Jorge Luis Borges</span><br />
<span style="font-size: 85%;">E.E. Cummings, Kundera, Conrado (o Segal)</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Hilda Hilst, Machado (Isadora e de Assis)</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Exupéry <i>est super</i> como as pessoas do Pessoa</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Guimarães (linda rosa) e Cezário, não o verde, o Saiter.</span><br />
<span style="font-size: 85%;">O Gênesis, o Mateus, o Marcos, o Lucas, o João</span><br />
<span style="font-size: 85%;">e seu apocalipse.</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Tanta coisa a se ler neste circo universal, caro Raimundo...</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Tanta coisa, caro Manuel, minha bandeira nacional!</span><br />
<span style="font-size: 85%;">(licença, Leminski, pelo trocadilho...licença a este corpo jovem, Breno Dantas).</span><br />
<span style="font-size: 85%;"></span><br />
<span style="font-size: 85%;">Tá, mas...quem é que está morto mesmo?</span><br />
<span style="font-size: 85%;"></span><br />
<span style="font-size: 85%;">Vivas! todos vivem!</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Até o diabo</span><br />
<span style="font-size: 85%;">até os Carlos com suas bebedeiras tristes e</span><br />
<span style="font-size: 85%;">seus rios rasos</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Até Rimbaud vibra constante em sua estadia </span><br />
<span style="font-size: 85%;">no inferno</span><br />
<span style="font-size: 85%;"></span><br />
<span style="font-size: 85%;">Vivas! todos vivem</span><br />
<span style="font-size: 85%;">em nossos olhos</span><br />
<span style="font-size: 85%;">se quisermos.</span><br />
<span style="font-size: 85%;"></span><br />
<span style="font-size: 85%;">Ler abre portas para o eterno.</span><br />
<span style="font-size: 85%;"></span><br />
<span style="font-size: 85%;"></span><br />
<span style="font-size: 85%;">(21-04-2010)</span>Lis Mottahttp://www.blogger.com/profile/01397668698929417397noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-7040706604043849682.post-54253092553422195732010-04-13T14:01:00.004-03:002010-04-13T17:47:42.938-03:00amor habitat<div align="right"><em><span style="font-size:85%;">Para Rodolfo</span></em></div><span style="font-size:85%;"></span><br /><span style="font-size:85%;"></span><br /><span style="font-size:85%;">Não se engane com o que vê, amor</span><br /><span style="font-size:85%;">entre os lençóis e as vassouras.</span><br /><span style="font-size:85%;">Cotidiana, fui domesticada, não nego</span><br /><span style="font-size:85%;">mas há vida em mim. Há vida!</span><br /><span style="font-size:85%;">Simples e vaga</span><br /><span style="font-size:85%;">mas acesa de sentidos:</span><br /><span style="font-size:85%;">Há o cheiro do pão, do feijão e do mar</span><br /><span style="font-size:85%;">(e quão delicados eles são...).</span><br /><span style="font-size:85%;">Há um ruído de bicho, de mato, que me sooa estranho</span><br /><span style="font-size:85%;">e um de rio, de cascata, que me sooa como um lindo sonho.</span><br /><span style="font-size:85%;">Há minha mãe, minha destra</span><br /><span style="font-size:85%;">e há ainda minha mão</span><br /><span style="font-size:85%;">sinistra, unida ao Selvagem.</span><br /><span style="font-size:85%;">Você; meu pássaro livre</span><br /><span style="font-size:85%;">policromático</span><br /><span style="font-size:85%;">que me conta, em altos vôos</span><br /><span style="font-size:85%;">a fantasia de cantos e cores reais</span><br /><span style="font-size:85%;">a realidade de cheiros e gostos fantásticos</span><br /><span style="font-size:85%;">e me ensina muitas outras coisas</span><br /><span style="font-size:85%;">sobre a arte da espontaneidade.</span><br /><span style="font-size:85%;">Oh, meu pássaro-amor...</span><br /><span style="font-size:85%;">Tá na mesa</span><br /><span style="font-size:85%;">Vem comer, vem?</span><br /><span style="font-size:85%;">Celebremos a maravilha deste vôo juntos</span><br /><span style="font-size:85%;">Mas celebremos também o chão, a gravidade</span><br /><span style="font-size:85%;">Pois são eles que nos fazem sentir tão agraciados em poder voar.</span><br /><span style="font-size:85%;"></span><br /><span style="font-size:85%;">(13-04-2010)</span>Lis Mottahttp://www.blogger.com/profile/01397668698929417397noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7040706604043849682.post-19010131180946286172010-03-15T13:32:00.004-03:002016-02-04T00:12:43.597-03:00<span style="font-size: 85%;">Naquela noite de domingo em que falou</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Sobre ser uma unidade novamente</span><br />
<span style="font-size: 85%;">E sobre como se sentia estranho comigo</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Eu morri</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Sem exageros, morri</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Morri porque, estranhamente, o que te dava medo</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Era o que sempre, eu e você, mais amamos em nós:</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Essa mistura de estranheza com intensidade</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Que todos notam, se escandalizam;</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Dois ímpares, canhotos, opostos, compartilhando escolhas terrenas com afeto e alegria</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Morri porque não acreditei no desamor</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Em você assobiando na cozinha, lavando vasilhas</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Enquanto eu definhava no sofá</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Engasgando amor-próprio, memórias e MUITA RAIVA</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Morri, nem te reconheci; você anunciando boas novas do acaso</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Em primeira do plural</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Calmamente...</span><br />
<span style="font-size: 85%;">E eu, sua, nula, puta, plena, dizendo: "sei o que quero."</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Eu realmente queria sobreviver, e talvez a boa nova é que o acaso permitiu</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Enfiaram-me num banho frio, conversaram comigo, alimentaram-me. </span><br />
<span style="font-size: 85%;">Providencial...</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Obviamente outras noites vieram. E com chuvas desnecessariamente românticas</span><br />
<span style="font-size: 85%;">A lua passou, o sangue passou, a depressão, mas você não</span><br />
<span style="font-size: 85%;">E voltou; </span><br />
<span style="font-size: 85%;">Graças a Deus!... </span><br />
<span style="font-size: 85%;">Como sempre volta o dia ensolarado à Itapuã. Como sempre voltam os dias de entendimento</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Mas naquela primeira noite de lua cheia de peixes, </span><br />
<span style="font-size: 85%;">"Ó Grande Virgem!", </span><br />
<span style="font-size: 85%;">Você não passava de um pequenino perdido</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Que eu estava prestes a engolir.</span><br />
<span style="font-size: 85%;"></span><br />
<span style="font-size: 85%;">(07/03/2010)</span>Lis Mottahttp://www.blogger.com/profile/01397668698929417397noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7040706604043849682.post-91909519671359951492009-11-04T10:23:00.006-03:002009-11-04T10:33:11.393-03:00<span style="font-size:78%;"><em>Para Rodolfo</em></span><br /><br /><span style="font-size:85%;">Está sempre de olho</span><br /><span style="font-size:85%;">O preciso rapaz:</span><br /><span style="font-size:85%;">Tranquilo e sagaz</span><br /><span style="font-size:85%;">Em questões do avesso</span><br /><span style="font-size:85%;">Canhoto sem pressa</span><br /><span style="font-size:85%;">Junta os caquinhos</span><br /><span style="font-size:85%;">Gosta de um mistério</span><br /><span style="font-size:85%;">E vai com calma à conclusão</span><br /><span style="font-size:85%;">Olhos que sempre</span><br /><span style="font-size:85%;">Vêem bem </span><br /><span style="font-size:85%;">Além do posto</span><br /><span style="font-size:85%;">Recebe sinais das estrelas</span><br /><span style="font-size:85%;">E é amigo do vento</span><br /><span style="font-size:85%;">No rosto</span><br /><span style="font-size:85%;">Corado</span><br /><span style="font-size:85%;">Docemente abrutalhado</span><br /><span style="font-size:85%;">Pedaladas ao sol</span><br /><span style="font-size:85%;">Terça ou quinta</span><br /><span style="font-size:85%;">Ele é ímpar!</span><br /><span style="font-size:85%;">Vai e nunca dá tchau</span><br /><span style="font-size:85%;">Mas por aqui sempre fica:</span><br /><span style="font-size:85%;">Eu de olho nele de olho...</span>Lis Mottahttp://www.blogger.com/profile/01397668698929417397noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7040706604043849682.post-89236175465527234562009-09-14T11:49:00.002-03:002014-08-29T21:42:10.910-03:00HaiKeima<span style="font-size: 85%;">Ai! queimei os dedos!<br />Por pouco não cai na roupa<br />Este café quente</span>Lis Mottahttp://www.blogger.com/profile/01397668698929417397noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7040706604043849682.post-15089917820196487102009-09-14T11:48:00.003-03:002014-08-29T21:38:57.187-03:00Hairkai<span style="font-size: 85%;">Eis que na velhice<br />Estou eu abandonado<br />Pelos fios brancos</span>Lis Mottahttp://www.blogger.com/profile/01397668698929417397noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7040706604043849682.post-44301196390307696372009-09-14T11:41:00.002-03:002015-05-01T19:26:25.414-03:00HaiCai<span style="font-size: 85%;">Sim, caiu aqui</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Um amarelo e docinho</span><br />
<span style="font-size: 85%;">Cajá do vizinho</span>Lis Mottahttp://www.blogger.com/profile/01397668698929417397noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7040706604043849682.post-69702009935565329342009-09-10T11:18:00.002-03:002014-08-29T21:44:04.740-03:00Leandro<span style="font-size: 85%;">Quem é este que se atreve a brincar com lousa e giz no azul do céu?<br />Quem é este que, no vácuo dos dias, é capaz de dar gritos ensurdecedores?<br />Este estrangeiro que nunca migrou, esse estranho observador?<br />Este que ama e ama tanto porque não sabe o que é amor?<br />Quem é este?<br />Eu não sei.<br />Creio que ele é demasiadamente belo para que seja visto. Afinal, são tempos difíceis para os sonhadores.<br />Mas se ele nasce e morre pelas beiradas porque é capaz de ler o mundo, alguém há de viver para lê-lo.<br /><br />(10/09/2009)</span>Lis Mottahttp://www.blogger.com/profile/01397668698929417397noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7040706604043849682.post-69377238876967823962009-07-10T00:49:00.004-03:002016-05-15T23:06:30.386-03:00Um poema feito para um aniversário<div align="left">
<span style="font-size: 85%;"><i><span style="font-size: 78%;">Para Y...</span></i></span><br />
<i style="font-size: 85%;"><span style="font-size: 78%;">Antes que desapareça.</span></i></div>
<div align="left">
<span style="font-size: 85%;"><br />Não celebro contigo teu nascimento<br />Não. Celebro antes, em mim, tua existência<br />E morada própria<br />De valor incompreensível em ti<br />Feito de instantes<br /><br />Sob poeiras e caixas<br />Sei que tua música se esconde<br />Como um sussurro na cidade<br /><br />E eu, toda ouvidos, aguardo<br />Um verso que seja<br />Dessa canção estranhamente silenciosa<br /><br />...<br /><br />Silêncio não é proteção<br />Verbo não é sermão<br />Toque não é carinho<br />Só podem ser...<br /><br />Mudamos de lugar a cada ano<br />Para frente e para trás<br />Um ano a menos<br />Um ano a mais<br /><br />Logo, não me julgues deslumbrada<br />Nem poeta, nem nada<br /><br />Insisto e pesco poesia em rio seco<br />Mesmo sendo feita só de água<br /><br /><br />(07/07/2009)</span></div>
Lis Mottahttp://www.blogger.com/profile/01397668698929417397noreply@blogger.com4